POESIA
(enfim)
O
ABSOLUTO CIRCUNCIZADO PELA METAMETÁFORA
Para mim, porque sou mulher e educada numa cultura ocidental foi difícil encontrar algo que pudesse simbolizar a ideia do «absoluto circuncidado». Foi-me muito difícil de perceber o que significa ele aqui na poesia. Simbolizará libertação? Mas para uma mulher africana simbolizará mais a submissão.
E se a metáfora ocupará parte importante do espaço poético. A metametáfora o que fará então?
Na composição conseguida surge assim ao centro um pedaço do absoluto, uma árvore, talvez, abrindo em várias direcções os seus ramos simbolizando talvez a renovação da natureza. Para os mais ousados o absoluto representado poderá ser um vulcão em erupção simbolizando um orgasmo não contido, a exaltação do prazer não reprimida pela moral religiosa nem limitada pelas explicações científicas. As frases apresentadas no fundo da composição introduzem a simbolismo do poder da explicação metafórica desse prazer sem restrições, sem coações, que a poesia utiliza constantemente e que se entrecruza com a criação artística, essa parte da arte surgida ainda antes do acto de contemplação, quando a obra é ainda matéria que se vai moldando, saltitando entre as muitas manifestações do prazer do sentir.
A poesia, aparece assim como o exercício último para ultrapassar as dificuldades da travessia, para alcançar o prazer e verdadeira espontaneidade em muitas direcções e em direcção a nós mesmos. De forma a conseguirmos ser mais reais, espontâneos e sinceros, para com os outros e para nós mesmos.