18 março, 2006

N'eus-je pas une fois une jeunesse aimable, héroïque, fabuleuse, à écrire sur des feuilles d'or, - trop de chance ! Par quel crime, par quelle erreur, ai-je mérité ma faiblesse actuelle ? Vous qui prétendez que des bêtes poussent des sanglots de chagrin, que des malades désespèrent, que des morts rêvent mal, tâchez de raconter ma chute et mon sommeil. Moi, je ne puis pas plus m'expliquer que le mendiant avec ses continuels Pater et Ave Maria. Je ne sais plus parler !

Pourtant, aujourd'hui, je crois avoir fini la relation de mon enfer. C'était bien l'enfer ; l'ancien, celui dont le fils de l'homme ouvrit les portes.

Du même désert, à la même nuit, toujours mes yeux las se réveillent à l'étoile d'argent, toujours, sans que s'émeuvent les Rois de la vie, les trois mages, le cœur l'âme, l'esprit. Quand irons-nous, par delà les grèves et les monts, saluer la naissance du travail nouveau, la sagesse nouvelle, la fuite des tyrans et des démons, la fin de la superstition, adorer - les premiers ! - Noël sur la terre !

Le chant des cieux, la marche des peuples ! Esclaves, ne maudissons pas la vie.





Não tive eu alguma vez uma juventude que fosse encantadora, heróica, fabulosa, algo que escrever sobre páginas do ouro?  - sorte demasiada!  Com que crime, por que falha eu mereci a minha fraqueza actual?  Vocês que pretendem que os animais empurrem soluços de tristeza, que os doentes desesperem, que os mortos sonhem mal, tentando contar a minha queda e o meu sono.  Eu não posso explicar-me  melhor do que o pedinte com suas continuas  Aves Maria e seus padre Nosso.  Eu já não sei falar!  

No entanto, penso ter terminado hoje a minha relação com o meu inferno.  E era bem o inferno;  velho, aquele cujas as portas foram abertas pelo filho do homem. 

 Do mesmo deserto, para o mesmo céu escuro, meus olhos cansados acordam, para sempre, para a estrela de prata; sem que se comovam, o Reis magos, os Reis da vida, o coração, a alma, a mente.  Quando iremos nós, para lá das montanhas e costas excedentes, saudar o nascimento do novo labor, da nova sabedoria , da fuga dos tiranos e dos demónios, o fim da  superstição, - adorar os primeiros!  - Natais na Terra!  A canção dos céus, a marcha dos povos!  Escravos não amaldiçoem a vida. 

Arthur Rinbaud

Matin- "Une Saison en enfer"
Quando nos sentimos no inferno não há mais nada que fazer do que gritar de várias formas.
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