21 maio, 2006

Entre ti e mim uma ilha


Trago comigo uma chave, esta chave que te mostro aqui, mas ela não traz a solução porque no seu verso diz chamar-se: - surrealista razão. - "Le sourire du diable".



A estrada que corre há minha frente indica-me o caminho de volta. Parto sem conseguir encontrar a chave, uma chave qualquer que possa abrir a porta do meu futuro, do nosso futuro.

Quem me dera que o peso do preconceito e das más interpretações pudesse libertar-se de uma vez só dos nossos pensamentos, dirigir-se a outros campos, em direcção a outras paragens distantes. Quem me dera que livres dele pudéssemos saltar pelos campos amarelos da nossa imaginação como este elefante despreocupado que aqui hoje encontrei.



Meu amigo: - "Entre ti e mim existe uma ilha". - Ela está escrita naquela parede. Ali ao fundo, vês? Ela está escrita em toda a parte, faz parte da história das nossas vidas.
Ela está impressa no nosso pensamento. Ela não nos permite encontrar a chave que abra o nosso futuro.




Por momentos a distracção leva-me a olhar de novo para baixo em direcção ao solo. A imagem parece tremer. Sinto-me cair de novo e de novo embater no solo duro. Tremo sem saber o que fazer. Tremo sem saber o que dizer.



Maldita seja aquela luz que chama. Maldita seja esta minha memória. Maldito o medo que tenho de agir. Porque não nasci sem este meu desejo de conhecer mais. Porque não sei viver sem ilusões? Porque tenho de subir mais e mais ainda, porque hei-de subir por estas escadas irregulares? Porque será necessário subir tanto para chegar há verdade?




Sempre os livros, as luzes e as cores imprecisas. Cambaleio por entre os bons e maus pensamentos, por entre as boas e más recordações. A indecisão continua no centro, na parte de cima das imagens, perto da luz que chama, perto do céu que continua esperando. O azul dos teus olhos encontra-se por todo o lado. E aquela luz branca que chama parece absorver tudo. Todas as imagens, todas as recordações


Ainda nas cores, pela manhã no mercado local, procuro um remédio que me possa salvar deste estado de indecisão.
As cores diversas das especiarias ali expostas sobressaem por de traz da luz intensa. Como é difícil encontrar a solução perfeita.
Como detesto agora todo este meu romantismo.
Como me parece indistinta, sem contorno, esta realidade.

Pela noite a dentro, as cores luminosas parecem chamar-me. Lembram-me o tempo próximo da partida.
O que devo fazer?
Não sei!
Não sei como partir, nunca mo ensinaram.
O que fazer?
Tenho medo de não saber alcançar a verdade.
O que fazer?
Nas luzes, a cor dos teus olhos é um pequeno ponto no meio de todos aqueles pontos luminosos.



Por de traz dos vidros, o Céu, as Nuvens e o Sol, chamam-me, cativam a minha atenção. A luz que brilha convida a subir até mais longe. Mas como conseguirei partir?
- "Entre ti e mim; uma ilha" - como poderei ir sem a conseguir atravessar?

Duas cadeiras e uma mesa convidam ao diálogo. meu amigo temos de conversar. Como posso ir em direcção ao céu sabendo que me queres abandonar? Como queres que te deixe, como queres que corte este laço que me liga a ti sem saber encontrar a paz que me faça descansar?



Lá em cima o Sol espreita Laranja, por entre as janelas circulares.
Meu amigo, entre ti e mim, existe uma ilha.



Mais a cima, na casa da Música, os passos reflectidos num chão iluminado indicam o caminho ascendente em direcção à reflexão e a um estádio superior do pensamento. Todos os caminhos indicam a direcção até ao céu.

Numa janela, olhando o Jardim, os meus sentimentos prisioneiros contemplam a paisagem.
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